Mu-dança, uma dança que resistia dançar

Mu-dança. Nas próximas linhas, expressei minhas impressões sobre esse ano de 2024, que foi e está sendo repleto de mudanças. A digestão foi lenta, até fermentou. Só agora sinto que estou absorvendo as conclusões. Boa leitura!

Quando penso em mudança, me imagino em uma pista de dança vazia, iluminada apenas pelas luzes de um globo de discoteca.

O espaço é amplo, quase deserto. Toca uma música completamente desconhecida, com batidas que parecem desafiar qualquer tentativa de antecipação. A luz ofuscante gira, me cegando momentaneamente.

Sentada no canto, penso comigo: “Vou esperar o DJ mudar a música”, mas a próxima canção é tão estranha quanto a anterior.

Essa pista de dança é a vida, e a mudança é a trilha sonora, que parece não nos trilhar. Nós, os dançarinos, tentamos acompanhar a melodia, mas as músicas familiares não tocam mais.

A mente diz que devo seguir o ritmo, que devo me adaptar, mas o corpo hesita, quase fugindo. Mesmo com aquela voz interior, calma e decidida, que insiste: “É seguro. Apenas continue.”

O que nos impede de nos levantar e dançar com confiança? Medo do desconhecido, insegurança, falta de habilidade? Permanecemos na zona de conforto, resistindo a essa nova coreografia que a vida propõe.

Mesmo sabendo que essa resistência nos priva de crescimento e de momentos valiosos, preferimos reagir de forma automática. Talvez já tenhamos até ensaiado alguns passos, mas ainda não tomamos a iniciativa verdadeira de liderar a nossa própria dança (spoiler: quem aciona o movimento somos nós).

Ficamos tanto tempo esperando que algo externo nos transforme, até que, de repente, percebemos que, quando nós mudamos, o mundo ao nosso redor já não precisa mais mudar.

Que a gente consiga se levantar para a mu-dança.